A Pesquisa em Astronomia
Gustavo Franco
A pesquisa científica é o principal método de solução das dúvidas decorrentes dos cientistas. Ela pode ser planejada, ou surgir a fim de esclarecer determinados problemas no desenvolvimento de experimentos já decorrentes. Na construção da pesquisa os autores podem optar por adicionar a informação verídica sobre tal assunto ou recorrer aos métodos científicos.
Podem ser eles o método dedutivo, que são informações derivadas de fatos que antecedem e simpatizam com o estudado em questão; o método hipotético dedutivo, que utiliza suposições a fim de encontrar erros e acertos, encontrando soluções ou novos problemas para a pesquisa; e o método dialético, onde não se deve analisar o objeto de forma isolada, e assim obriga o pesquisador a seguir as quatro leis: mudança dialética, ação recíproca, passagem da quantidade a qualidade e inter penetração dos contrários.
Resumidamente, a pesquisa é a forma que os cientistas utilizam para responder as questões pendentes de um trabalho. Pode-se dizer muito sobre um trabalho ou sobre um experimento a partir de sua pesquisa, além de ser possível prever resultados possíveis para a conclusão da mesma.
Na definição literal, a Astronomia é uma “ciência que estuda o universo, espaço sideral, e os corpos celestes, buscando analisar e explicar sua origem, seu movimento, sua constituição, seu tamanho, entre outros fatores”, e assim como qualquer outro campo científico, também é fonte de pesquisas.
De acordo com o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo existem nove linhas principais de pesquisa em astronomia.
São elas:
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O Brasil no mapa científico
Apesar de os investimentos e incentivos para a realização de pesquisas e trabalhos dentro do Brasil serem fracos, ele se encontra em um alto nível de apreciação das pesquisas em astronomia. Segundo o IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o Brasil investiu apenas 0,63% do PIB, Produto Interno Bruto, em Ciência e Tecnologia (C&T), ou seja, R$ 37,1 bilhões de um PIB próximo de R$ 5,9 trilhões, sendo que, a cada ano ocorrem cortes de investimentos severos nas áreas científicas e tecnológicas. Além do problema financeiro, pode se encontrar resistência no desenvolvimento de pesquisas dentro das universidades. Além das atividades ligadas ao ensino, os pesquisadores precisam se dedicar cada vez mais a gerenciar a Universidade: pedir dinheiro para pesquisa, prestar contas, reformar e ampliar instalações.
Em análise previamente feita (STEINER, SODRÉ, DAMINELI, OLIVEIRA, 2011), o cenário da pesquisa no país cresceu de forma exuberante entre 1965 e 2000. Após esse período, houve uma desaceleração. Ao atingir certa maturidade, as publicações não continuam a crescer em ritmo tão rápido quanto antes. No entanto, mesmo após uma diminuição considerável e um retardamento no crescimento do número de pesquisas, o Brasil ainda aparece como um dos principais desenvolvedores de pesquisas do ramo. De acordo com o Professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo Augusto Damineli (astrônomo e astrofísico brasileiro reconhecido internacionalmente por suas observações da periodicidade de alteração de brilho da estrela dupla Eta Carinae) a taxa de impacto (citações) das pesquisas é de 50% acima da média mundial. Somente a área de Física, no Brasil, se compara a esta performance, sendo considerada altamente produtiva. Mesmo o número de pessoas empregadas na ciência crescer mais devagar, a produtividade por indivíduo aumenta significativamente.
De acordo com o Professor Orlando Rodrigues Ferreira, Astrônomo, professor e Microempresário (ME) em Astronomia, Ciência, Educação e Cultura, os principais destaques para as instituições no Brasil vão para o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), em Itajubá, Minas Gerais, inaugurado em 1980 e também o Observatório do Pico dos Dias (OPD), a 1.850 m de altitude, em Brasópolis, Minas Gerais. Onde, o LNA proporciona o desenvolvimento da pesquisa, tecnologia, educação, apoio aos programas de pós-graduação e relevante presença internacional, como também nos consórcios do Gemini e do SOAR, nos quais o LNA exerce o papel de Secretaria Nacional.
Também se destacam no cenário brasileiro três exemplos importantes do país em parcerias de grandes proporções.
O Brasil nos Observatórios do Mundo
O Observatório Gemini posiciona seus telescópios de forma que eles possibilitem a visão de todo o céu. Ele é citado como uma das formas da contribuição brasileira pois o Brasil faz parte do consórcio em conjunto de outros seis países (Estados Unidos, Reino Unido, Chile, Austrália e Argentina). As primeiras pesquisas científicas produzidos após o Gemini e com participações brasileiras começaram no ano de 2000. No Brasil, para se submeter uma proposta, o pesquisador deve trabalhar com bolsa em uma instituição de pesquisa/ensino brasileira na área de Astronomia e ciências afins, cumprindo este requisito ele só precisa fazer a submissão da proposta na página do observatório.
Créditos: Gemini Observatory/AURA
Um dos observatórios do Gemini. Este, é posicionado no hemisfério Norte, e realiza um processo de medidas com laser.
Assim como o Gemini, o Southern Telescope for Astrophysical Research (SOAR) também faz parte de um grupo de países e instituições que o sustentam (Universidade da Carolina do Norte e Universidade de Michigan nos Estados Unidos, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Informação e Comunicação no Brasil, e o Chile). O SOAR consiste com um telescópio nos Andes chilenos. A participação do Brasil permite o desenvolvimento da Astronomia e da ciência e também a capacitação do país na construção de instrumentos de alta tecnologia.
Créditos: NOAO/SOAR Division
Telescópio do centro de pesquisa em astrofísica, voltado para o Sul.
Créditos: ESO/José Francisco
O European Southern Observatory (ESO) é considerado como o observatório mais produtivo do planeta. É financiado por dezessete membros, e dentre eles estão Alemanha, Brasil, Espanha, França, Itália, Portugal, Reino Unido, Chile, e diversos outros. O ESO desenvolve, constrói e opera a maioria dos telescópios astronômicos terrestres mais importantes, obtendo assim valiosas descobertas e transferências tecnológicas para outros campos científicos.
O primeiro contato do Brasil objetivando participar do ESO aconteceu em 2009. Posteriormente se estabeleceu um comitê para o Plano Nacional para a Astronomia Brasileira, e em 5 de outubro de 2010, o Conselho do ESO formalizou o convite à adesão do país. Há quase uma década, o Brasil é um dos protagonistas do ESO e cada vez mais se destacando na Astronomia internacional.
Pôr-do-sol no Observatório Europeu. Nota-se que alguns planetas se tornam visíveis, prova de que a localização do mesmo foi estrategicamente pensada.
Eis o dilema
Com tantas participações presentes em alguns dos maiores observatórios do mundo, é estranho deparar-se com a situação em que o mesmo se encontra. Com os devidos financiamentos, investimentos e as políticas públicas adequadas, o desenvolvimento de pesquisas em Ciência e Tecnologia no Brasil poderá se destacar ainda mais nos índices globais de valor científico. No ano passado, o Brasil manteve sua vigésima terceira colocação no Nature Index, sendo o primeiro na América do Sul, quando se trata do ranqueamento mundial de pesquisa de alta qualidade. Entretanto, conforme informa o Nature Index, os dados são baseados em uma pequena proporção dos trabalhos de pesquisa, que abordam apenas as ciências naturais e que seus resultados não refletem o tamanho do país, da instituição ou do seu resultado geral de pesquisa. Com a elevação qualitativa da produção científica brasileira os pesquisadores certamente obterão melhores posicionamentos em outros indexadores, como o indice-H, criado em 2005 como indicador da importância dos cientistas com base nas citações dos seus artigos e demais publicações. No entanto, mesmo como um dos melhores classificadores da produção científica mundial, o índice-H também possui suas limitações e controvérsias além de seus prós e contras.
É notável que a participação do Brasil no cenário científico tende a crescer (mais do que já vem crescendo nos últimos dez anos). No entanto, fica claro que a participação do governo é extremamente necessária. O mercado dos profissionais do ramo da ciência pode estar desfalcado, e talvez a necessidade de se dirigir diretamente a este público seja uma tentativa arriscada para grande parte dos governos. O que se sabe, é que o resultado é positivo. O Brasil faz parte de grandes centros que são reconhecidos mundialmente e possui as ferramentas nas suas mãos. O governo pode contribuir para tornar não só as pesquisas no campo da astronomia excelências, mas também, a pesquisa científica no âmbito geral.
Créditos: Natália Magalhães
Pôr-do-sol registrado no Museu Exploratório de Ciências da Unicamp. Momento foi registrado durante uma visita do grupo em busca da informações para compor os
Créditos e referências
Entrevistados
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Augusto Damineli (Professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo)
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Orlando Rodrigues Ferreira (Astrônomo, professor e Microempresário (ME) em Astronomia, Ciência, Educação e Cultura)
Links dos observatórios citados
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Observatório Gemini: http://www.gemini.edu/
Referências
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NATURE INDEX. The 2017 Nature Index data from 1 January 2016 to 31 December 2016. Disponível em: <https://www.natureindex.com/annual-tables/2017/country/all> A
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STEINER, João; SODRÉ, Laerte; DAMINELI, Augusto; OLIVEIRA, Cláudia Mendes de. A pesquisa em astronomia no Brasil. Rev. Usp: 89. ed. São Paulo, 2011. Disponível em: <http://rusp.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-99892011000200008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 4 nov. 2017.